Mulheres precisam entrar na TI e ir além da programação

Convergência Digital – Carreira 
Ana Paula Lobo – 07/10/2016

 

Atrair as mulheres para a Computação é a missão do programa Meninas Digitais, integrado a Sociedade Brasileira da Computação (SBC) desde o ano passado, criado há seis anos e que trabalha para ganhar mais escala nacional. Mas a ideia não é se centrar apenas na programação. Mas em toda a área.

“Há gerentes de projetos, há movimentos promissores. As empresas começam a perceber que as mulheres precisam estar na Computação. É um trabalho de médio e longo prazo”, explica a professora Silvia Amélia Bim, secretária Adjunta da SBC – Regional Paraná e professora da UTFPR.

A preocupação tem razão de ser. Dados do último Censo da Educação Superior (2013) obtidos pela PrograMaria — Portal que reúne mulheres para debater a equidade de gênero na TI —, a cada 100 estudantes matriculados em cursos de computação no Brasil, apenas 15 são do sexo feminino

“Sabemos que não teremos resultados imediatos.Nas universidades, acreditamos num número maior de mulheres num prazo de cinco anos”, diz Silvia Amélia Bim, em entrevista ao Convergência Digital.
A professora admite que há ainda preconceito contra mulheres na Computação, mas diz que a mudança cultural já começou.

“Muitas empresas já entendem que ter mulher na equipe é muito importante. A mudança, no entanto, só acontecerá por meio da educação. Não há solução pelo embate, pelo conflito”, sinaliza a secretária adjunta da SBC. O programa Meninas Digitais não prioriza a programação. A ideia é despertar o interesse em tudo que se aplica à Computação”, acrescenta.

Silvia Amelia Bim acrescenta ainda que para ter mais mulheres nos cursos de Computação é necessário também mudar o currículo dos cursos universitários. “O aluno só tem contato com a realidade melhor da Computação nos períodos finais. As matérias tinham que encantar desde os períodos iniciais. Elas precisam ter uma relação mais próxima com a realidade, como por exemplo, iniciativas para usar a tecnologia para tornar as cidades mais inteligentes”, propõe.

A desigualdade salarial também é uma realidade. O salário na área varia entre R$ 2,2 mil e R$10 mil. Porém, as mulheres ainda enfrentam a desigualdade de salários entre os sexos. De acordo com o Code.org — organização, sem fins lucrativos cujo objetivo é divulgar e ensinar programação a pessoas de todas as idades —, os empregos na área de computação irão mais do que  dobrar até 2020, para 1,4 milhão de vagas. Porém, não há mão de obra qualificada suficiente para cumprir essa demanda e a estimativa é que apenas 400 mil vagas sejam preenchidas. E um dos principais motivos é o baixo número de mulheres na área.

As iniciativas das Meninas Digitais englobam oferta de minicursos e oficinas; realização de dinâmicas; palestras com estudantes e profissionais que já atuam na área compartilhando suas experiências etc. O Programa iniciou-se em 2011 sob a coordenação da Secretaria Regional da SBC – Mato Grosso e, em 2015, foi institucionalizado pela SBC como programa de interesse nacional da comunidade, é gratuito e voltado para mulheres do ensino médio e fundamental. Para saber mais sobre o Programa “Meninas Digitais” é só acessar o link:  http://sbc.org.br/institucional-3/meninas-digitais