A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) deu um passo à frente no combate à desigualdade com a criação da nova Comissão para Inclusão, Diversidade e Equidade (CIDE). Nomeada em março, a comissão iniciou os seus trabalhos em abril com o objetivo de desenvolver um plano de ação e executar atividades estruturantes que permitam ampliar os esforços de inclusão, diversidade e equidade na SBC.
A CIDE é formada pelos professores Cristiano Maciel (UFMT), que preside a Comissão, Aletéia Patrícia Favacho de Araújo von Paumgartten (UnB), Alirio Santos de Sá (UFBA), Carolina Christina do Sacramento Nardi (UERJ), Davi Viana dos Santos (UFMA), Eunice Pereira dos Santos Nunes (UFMT), Luiz Paulo Carvalho da Silva (UFRJ) e Marília Abrahão Amaral (UTFPR). A Comissão é apoiada pela presidente da SBC, Thais Batista, e por membros da Diretoria e do Conselho. O grupo tem realizado reuniões on-line mensais, desde abril, e se reunirá em uma primeira reunião presencial durante o Congresso da SBC, em Brasília, no mês de julho.
“Estamos nos deparando com nossas possibilidades de atuação e preparando um plano de ação, conforme nosso objetivo. Neste percurso, percebemos a necessidade de conhecer melhor as pessoas associadas à SBC, motivo pelo qual direcionamos nossos esforços para produção de um questionário-diagnóstico a ser futuramente preenchido pelos associados e associadas. Esse perfil nos ajudará a repensar a própria composição da CIDE, de forma que ela represente de forma mais real a diversidade da SBC”, explica o professor Cristiano Maciel.
Movimento mundial
A iniciativa da SBC acompanha um movimento mundial recente de diversas instituições e empresas da Computação que têm priorizado a inclusão, a diversidade e a equidade em suas atuações. Para isso, criam comissões, planejam atividades, tratam políticas e realizam ações nesses campos. Um exemplo importante delas é a Association for Computing Machinery (ACM), maior sociedade de computação educacional e científica do mundo, que mantém o seu Diversity, Equity, and Inclusion Council, do qual o professor Cristiano Maciel faz parte.
“É desafiador superar as desigualdades em termos de gênero e de inclusão de todas as pessoas em diferentes contextos e espaços da nossa SBC, de uma forma diversa e socialmente responsável. No tocante a gênero e raça, por exemplo, a SBC já tem realizado muitas discussões no Women in Information Technology (WIT), durante o CSBC via Programa Meninas Digitais e seus inúmeros projetos parceiros, além de esforços em diversos eventos da comunidade”, destaca Cristiano Maciel.
Representatividade
Ainda segundo ele, dados do Global Gender Gap Report do World Economic Forum (WEF) revelam que, embora as mulheres constituam quase metade da força de trabalho global, sua participação em Science, Technology, Engineering, and Mathematics (STEM) permanece baixa, com apenas 29,2% de representação. Projeções indicam que serão necessários mais de 162 anos para fechar a lacuna no empoderamento político e 169 anos para alcançar a igualdade na participação econômica das mulheres. “E esses são números apenas sobre a representação feminina, sem considerar todos os gêneros e outras interseccionalidades de raça, perfil socioeconômico, perfil geográfico. Ou seja, temos muito a considerar e aprofundar para a IDE, seguindo com a conscientização da importância disso para a sociedade e da melhoria naquilo que podemos agir, via SBC”, completa.
A SBC já vem pautando assuntos ligados à inclusão, diversidade e equidade em alguns de seus eventos e atividades anuais, como o Women in Information Technology (WIT), por exemplo. Além disso, quando o assunto é inclusão de pessoas com deficiência, os esforços têm sido feitos por diversos eventos, sendo em alguns o tema mais amplamente discutido e executado, como os das áreas de Educação e de Interação Humano-Computador. Com a chegada da CIDE essa temática será ainda mais constante nos eventos da Sociedade, mapeando ações, identificando possibilidades e recomendando ações em diferentes estruturas da SBC.
Presidente da CIDE, o professor Cristiano Maciel é também vice-presidente da SBC e realiza, há mais de 15 anos, pesquisas sobre raça, gênero e tecnologias. Além da atuação nos conselhos da área de Inclusão, Diversidade e Equidade, é consultor do Programa Meninas Digitais, coordenador do projeto Meninas Digitais Mato Grosso, e da rede de pesquisa internacional ELLAS – Equality in Leadership in Latin America, que executa um projeto em cooperação entre Brasil, Bolívia e Peru, com suporte do International Development Research Centre do Canadá, que objetiva, entre outros pontos, desenvolver uma plataforma de dados abertos úteis às políticas e iniciativas que visam reduzir a diferença de gênero em STEM, em especial para igualdade de gênero na liderança em universidades, indústrias e instituições públicas.