Inteligência Artificial (IA) é o assunto do momento quando o tema é tecnologia. Apesar da popularização do termo nos últimos anos, o uso da IA pela sociedade, nos seus mais diversos campos, ainda gera muita curiosidade e é motivo de questionamentos. Atenta a essas questões, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) apresentou recentemente o “Plano de Inteligência Artificial da Sociedade Brasileira de Computação”, documento já disponibilizado na SBC OpenLib, a Biblioteca Digital da SBC, contendo um levantamento do cenário atual e um plano estratégico sobre a implementação e o uso da IA no país.
O Plano foi elaborado por uma Comissão liderada pelo professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho (USP) e pela professora Teresa Bernarda Ludermir (UFPE), e composta pelos membros e membras da SBC: Aline Paes (UFF), Altigran Soares da Silva (UFAM), Ana Carolina Lorena (ITA), Anne Magaly de Paula Canuto (CE-IC e UFRN), Helena de Medeiros Caseli (CE-PLN e UFSCar), Tatiane Nogueira Rios (CE-IA e UFBA), e Wagner Meira Jr (UFMG). Grupo de especialistas altamente qualificados e experientes na área de IA, com competências que abrangem tanto o conhecimento teórico quanto prático em diferentes contextos.
“O documento foi elaborado de forma colaborativa pela comissão para usufruir das oportunidades que a IA oferece, reduzir seus riscos e melhor utilizar os recursos disponíveis. O país precisa definir prioridades para utilizar o conhecimento da comunidade científica de Inteligência Artificial, sugerindo direções e políticas a serem adotadas, com o estabelecimento de metas. A SBC foi pioneira na elaboração de um plano pela academia”, explica André Ponce de Leon.
Cenário nacional
Em um breve diagnóstico sobre o contexto atual da IA no Brasil, o documento destaca que, hoje, o Brasil está distante dos 20 países mais avançados na IA em aspectos fundamentais como Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I), formação de recursos humanos e ambiente de negócios. Traz ainda que a falta de investimentos e a escassez de políticas de incentivo à PD&I são determinantes para a baixa competitividade internacional do Brasil na área, tendo como agravantes da situação a infraestrutura tecnológica defasada e a baixa colaboração entre universidades, setor privado e governos.
“Vejo com preocupação o atual cenário, pois as políticas nacionais têm tido pouca participação da academia, diferente do que tem ocorrido em outros países. O plano de IA lançado pelo governo trouxe alguma esperança, mas prefiro aguardar para ver como será sua execução. Por exemplo, o plano menciona a criação de novos centros de IA, mas não fala nada sobre os dez centros de pesquisa aplicada em IA criados nos últimos três anos em editais públicos do CGI.br, Fapesp e MCTI. Não está claro no plano como estes novos centros previstos no plano irão trabalhar com os centros existentes e qual o papel dos pesquisadores de IA do país nesses novos centros”, pontua o professor.
Soluções
O Plano Nacional de IA da SBC ter por objetivo, portanto, prover o país de soluções de IA eficazes e eficientes para apoiar demandas e necessidades nacionais e levar o país a ter um papel de relevância internacional em PD&I e na adoção de políticas globais. Para isso, o plano propõe um conjunto de ações para que a população brasileira desenvolva as competências e obtenha o conhecimento e informações essenciais para utilizar e desenvolver eficazmente as tecnologias de IA.
“O Plano apresentado nesse documento contém ações com metas de curto, médio e longo prazo, e sua adoção requer uma diretriz pública incluindo um projeto para implantação e monitoramento contínuo. A SBC está à disposição do Brasil para fazer parte do ecossistema abrangente e multidisciplinar que é necessário para que um plano de IA seja implantado de forma sustentável e gere benefícios para toda a sociedade”, destaca a presidente da SBC, Thais Batista.
Conheça a íntegra do Plano Nacional de IA da SBC na SOL: https://books-sol.sbc.org.br/index.php/sbc/catalog/book/141.