Por Alfredo Goldman, Fabio Kon e Nelson Lago*
Este é o post inaugural do blog de software livre da SBC. Antes de mais nada, este blog não será assinado por um único autor, mas sim terá autores dentro de uma comunidade com interesses comuns. Isso é motivado pela forma colaborativa com que o software livre é desenvolvido. A nossa comunidade está ligada ao CCSL (Centro de Competência em Software Livre) do IME – USP, do qual eu (Alfredo) sou atualmente o coordenador.
Naturalmente, ao escrever um blog, temos um objetivo. O nosso é difundir a cultura do software livre, mostrando as suas vantagens em relação ao modelo restritivo tradicional. Vamos, nos nossos textos, tentar deixar mais claros vários aspectos que podem parecer confusos como, por exemplo, acabar com os mitos de que não é possível ganhar dinheiro com software livre ou que, ao pagar um por software proprietário, há mais garantias em relação ao uso de SL (SL é a abreviação para Software Livre e será muito frequente neste blog), além de tirar dúvidas sobre as diversas possibilidades de licenças livres.
Voltando à comunidade, esperamos que, com os textos publicados, pessoas comentem e tragam dúvidas; afinal, isso está completamente ligado ao espírito do SL, onde não apenas os desenvolvedores são importantes, mas os usuários são essenciais. O feedback recebido vai ajudar a direcionar o conteúdo que será produzido no futuro.
Uma das principais motivações por trás do SL é a liberdade, tanto de se saber o que está acontecendo (tudo que o software faz) como de poder modificar ou pedir que alguém modifique algum sistema em uso. Nesse sentido acho que vale uma pequena reflexão. É comum a visão de que a Internet abre espaços e permite o acesso quase que universal às pessoas interessadas em obter conhecimento. Por outro lado, para a maioria dos usuários, toda a Internet se resume a poucos sítios, que se podem contar nos dedos. Imagine o que seria da Internet para você se os 10 principais sítios saíssem do ar? Agora observe que, na lista dos 15 sítios mais acessados em inglês, apenas um deles não é controlado por uma grande corporação: o sítio da Wikipedia.
Apenas lembrando, no final da década de 80, a Microsoft lançou um projeto enorme, o da enciclopédia Encarta, investindo uma grande quantidade de dinheiro, para gerar o que seria o substituto do modelo tradicional de enciclopédias. O projeto teve vários dos melhores incentivos possíveis: investimento, pagamento para que os especialistas escrevessem os artigos, gerentes comprometidos, etc. Mas, poucos anos depois, apareceu a Wikipedia, com um modelo completamente diferente, onde as pessoas (especialistas ou não) tinham a chance de colaborar de forma voluntária, sem nenhuma espécie de recompensa financeira. Hoje sabemos claramente qual foi o modelo vencedor 🙂 . De forma similar, é comum que as pessoas tenham a ideia de que o mundo da computação é conduzido por um punhado de empresas que vendem licenças de software. No entanto, a realidade é que tanto na pesquisa de ponta em computação quanto em empresas que atuam na Internet, o SL é o grande motor.
Aproveitando a possibilidade de conteúdo multimídia, segue um vídeo curto que dá uma noção da liberdade que podemos ter ao usar SL e um convite à página do CCSL.
* Alfredo Goldman, Fabio Kon e Nelson Lago são pesquisadores do Centro de Competência em Software Livre da USP e além de acreditar em todo o potencial de software livre, são responsáveis pela curadoria dos posts deste blog feitos por membros de toda a comunidade do CCSL.