Selo de Inovação SBC 2025 reconhece projetos que conectam tecnologia, educação e soberania digital

Um projeto que ajuda a colocar o Brasil no mapa global da Computação Quântica foi o grande vencedor da edição 2025 do Selo de Inovação SBC, premiação promovida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) para valorizar iniciativas inovadoras nascidas em ambiente acadêmico. Os resultados foram anunciados no dia 21 de julho, durante a abertura oficial do 45º Congresso da SBC (CSBC), maior evento da entidade, realizado em Maceió (AL).

A solução premiada em primeiro lugar foi a plataforma Ket, desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A proposta alia excelência técnica e vocação estratégica ao democratizar o acesso à programação quântica por meio de uma interface acessível, código aberto e integração com hardware real. Além do Ket, dois projetos empataram em segundo lugar nesta edição: o HackInSDN (UFBA), voltado à formação em cibersegurança, e o Alfaba (UFPel), que propõe um novo modelo de interface para o processo de alfabetização.

“A comissão avaliadora enfrentou o desafio de selecionar os três melhores projetos e, diante da qualidade das propostas, decidiu conceder excepcionalmente dois prêmios de segundo lugar, além do primeiro lugar. O resultado reflete não apenas o alto nível das propostas submetidas, mas também o papel do Selo de Inovação SBC como impulsionador de ideias criativas e soluções de impacto para a sociedade”, destaca Michelle Silva Wangham (Univali), Diretora de Inovação da SBC.

A diretora pontua ainda que a edição de 2025 do Selo de Inovação registrou um crescimento no número de submissões e apresentou projetos de excelência, com grande potencial de inovação. Os projetos vencedores entram agora para o rol dos projetos chancelados pela SBC, o que garante visibilidade institucional e reconhecimento qualificado no ecossistema nacional de inovação.

Conheça os projetos vencedores:

🥇 1º Lugar: Ket – Plataforma de Programação Quântica
Autores: Evandro Rosa, Rafael de Santiago e Jerusa Marchi
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

O Ket é uma plataforma de código aberto idealizada para democratizar o acesso à computação quântica, permitindo que desenvolvedores criem softwares quânticos usando Python. Um de seus diferenciais é a expressividade que ele traz da programação clássica para o universo quântico, além de contar com um simulador integrado que facilita a depuração de programas em computadores convencionais.

“O Ket nasce em 2020 como o meu mestrado no PPGCC-UFSC, sob orientação do professor Rafael de Santiago. Durante o doutorado, a plataforma evoluiu de um ambiente simulado para a execução em hardware quântico real, o que envolveu a implementação de uma pilha de compilação completa e gerou avanços na otimização de código quântico”, explica Evandro Rosa, idealizador da plataforma.
A solução se destaca por sua acessibilidade, robustez e por ter sido inteiramente criada no Brasil, o que a torna peça-chave para a construção de uma infraestrutura soberana em tecnologias quânticas. É hoje o núcleo tecnológico da Quantuloop, startup incubada na UFSC que participa do desenvolvimento do primeiro computador quântico supercondutor brasileiro, em parceria com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
“Por ser um projeto de código aberto, convidamos a comunidade a contribuir. No momento, buscamos financiamento para expandir a plataforma com algoritmos de domínio específico (para setores como químico e financeiro) e para a construção de material completo para qualificação profissional (workforce), visando capacitar a próxima geração de desenvolvedores quânticos no Brasil”, completa Evandro.
A plataforma já é utilizada por universidades e centros de pesquisa no Brasil, integra oficinas de capacitação em computação quântica e está sendo incorporada a programas de formação técnica. Com uma base de usuários crescente e documentação aberta, o Ket também opera como ferramenta de pesquisa e base de prototipagem para algoritmos voltados a aplicações reais nas áreas de simulação química, finanças e inteligência artificial.

🥈 2º Lugar (empate): HackInSDN e Alfaba
HackInSDN – Plataforma Inteligente de Laboratório como Serviço para Cibersegurança
Autores: Ítalo Valcy S. Brito e Leobino Nascimento Sampaio
Instituição: Universidade Federal da Bahia (UFBA)

A HackInSDN oferece uma plataforma baseada em “Laboratório como Serviço” (LaaS), capaz de simular ataques e defesas em redes definidas por software. A solução tem como foco principal a formação prática de profissionais em cibersegurança, área considerada crítica tanto no setor público quanto privado.

Alfaba – Interface Tangível para Suporte à Alfabetização
Autora: Laura Quevedo Jurgina
Instituição: Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Voltado à educação básica, o projeto Alfaba propõe uma interface física e digital para apoiar o processo de alfabetização de crianças. A solução é composta por peças físicas que interagem com o sistema digital, promovendo um aprendizado mais lúdico, inclusivo e eficaz – especialmente em contextos com desafios educacionais e tecnológicos.

Avaliação técnica e critérios
Os cinco projetos finalistas da fase anterior do Selo de Inovação apresentaram seus pitches a uma banca formada por especialistas com diferentes experiências e áreas de atuação: Hamilton José Mendes da Silva (MCTI); Marcos Simplício (USP); Marcelo Marotta (UnB); e Michelle Wangham (UNIVALI), Diretora de Inovação da SBC.
A comissão avaliou as propostas a partir de cinco critérios principais: Grau de inovação e originalidade; Impacto social e tecnológico; Aplicabilidade e potencial de mercado; Viabilidade técnica; e Sustentabilidade do modelo de negócio.

“Este ano tivemos projetos com uma maturidade técnica impressionante, mas também com sensibilidade social. O Selo SBC se fortalece como uma plataforma que conecta ciência, inovação e transformação real”, comenta Michelle Wangham, da SBC.

Chancela SBC e próximos passos
Com o Selo de Inovação SBC 2025, os três projetos agora integram o portfólio de iniciativas chanceladas pela entidade. Além da distinção institucional, recebem apoio para divulgação e conexões com o ecossistema de inovação.

A iniciativa ganhadora também ganha espaço nos canais oficiais da SBC, como o site, redes sociais e na Revista Horizontes, permitindo que pesquisadores, empreendedores, investidores e instituições de ensino conheçam e se conectem à solução.