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Raimundo José de Araújo Macêdo

2019-2023

 

O Congresso da SBC deste ano marca o quadragésimo quinto aniversário da criação de nossa entidade e também o encerramento de um ciclo de gestão em dois períodos consecutivos, abrangendo os anos de 2019 a 2021 e de 2021 a 2023.

Um cumprimento especial a todos e todas que trabalharam para criação e consolidação de nossa SBC. Assistam o minidocumentário sobre as motivações da criação e realizações da SBC nesses 45 anos. Está disponível no canal YouTube da SBC.

Sabemos que, no mundo da computação, muitas coisas acontecem em quatro anos. Mas, convenhamos, esses últimos quatro anos foram bastante diferenciados.

Testemunhamos um crescimento sem precedentes dos meios digitais impulsionado por dois fatores principais: a necessidade de adotar atividades remotas durante a COVID-19 e a rápida disseminação de ferramentas de Inteligência Artificial Generativa com impacto significativo nos mundos do trabalho, da educação, da política, das relações sociais e econômicas, e do entretenimento. 

A sinergia desses dois fatores torna ainda mais evidente a necessidade de ampliação da oferta de educação em computação desde o nível básico até a pós-graduação. Essa ampliação é fundamental não apenas para o domínio dos mecanismos pelos quais a inteligência artificial é construída e utilizada, mas também para o conhecimento de outras estruturas de suporte tecnológico que abrangem virtualmente todas as subáreas da computação. 

Sem a superação dessas necessidades fundamentais de educação, o Brasil pode enfrentar desafios significativos em seu desenvolvimento social e econômico, com um claro desequilíbrio entre o consumo e a produção dessas tecnologias. É, portanto, essencial que avancemos nessas áreas para garantir a prosperidade de nosso país na era digital, de forma justa, ética, inclusiva e igualitária.

Dada a ampla representatividade da SBC e o papel central da computação na sociedade atual, é natural que nossa comunidade seja constantemente instigada a se posicionar e participar ativamente dos grandes debates que desafiam o país. 

Assim, nesses quatro anos de nossa gestão, temos atuado em diversas frentes, impulsionados por circunstâncias que demandaram nossa ação, como a pandemia de COVID-19, os debates em torno do sistema de votação brasileiro e a defesa das instituições de ciência e tecnologia do Brasil, como o INPE, a CAPES, o CNPq e a CEITEC, empresa pública brasileira  que atua no segmento de semicondutores. Também nos manifestando em nota oficial contra  o processo de privatização das duas empresas de Tecnologia da Informação que lidam com as informações mais sensíveis de nossa população, o Serpro e a Dataprev.

Ao mesmo tempo, os desafios científicos emergentes têm recebido grande prioridade em nossas atividades, refletindo-se nos temas abordados em nossos congressos anuais e nas nossas revistas e periódicos científicos, além dos anais de nossas conferências.

Visando capacitar os profissionais para os desafios cada vez mais complexos do mundo digital, instituímos diretrizes curriculares para os novos bacharelados em Ciência de Dados e Cibersegurança.

Promovemos ações em diversas questões de interesse geral, tais como a ciência aberta, a computação na educação básica, o combate a epidemias e às mudanças climáticas, a regulação da Inteligência Artificial e repercussões da Inteligência Artificial Gerativa na educação, nas pesquisas científicas e no mundo do trabalho. No congresso deste ano, em João Pessoa, abordamos uma questão emergente altamente relevante: as oportunidades e desafios da integração físico-digital, comuns, por exemplo, em sistemas utilizados para transporte, indústria, assistência à saúde, entretenimento, negócios e monitoramento ambiental.

A relação físico-digital nesses cenários apresenta desafios significativos, incluindo a interoperabilidade, a confiabilidade, a segurança cibernética e a escalabilidade. É de suma importância compreender a crescente complexidade desses sistemas e aprender a gerenciá-los adequadamente para garantir sua eficiência e eficácia, prevenindo assim eventuais prejuízos humanos ou materiais. 

Dessa forma, a SBC sempre procura atuar na vanguarda das discussões de grandes desafios em prol de uma sociedade justa, ética, igualitária e inclusiva.

Valorizamos a disseminação ampla e ética do conhecimento, por isso aprovamos há dois anos uma política de publicação aberta para a SBC, de acesso gratuito, instituímos um código de conduta para autores da SBC e reforçamos nossa biblioteca digital aberta, a SOL. A definição da comissão de Ética da SBC agora faz parte de nosso Estatuto, que reformamos recentemente.

A SBC tradicionalmente concede homenagens a indivíduos que tenham contribuído de forma marcante em diferentes aspectos, como os tradicionais prêmios Mérito Científico, Newton Faller, Cristina Tavares, Tércio Pacitti e Associado (a) Destaque do Ano. 

As premiações visam inspirar indivíduos, associados ou não associados à SBC,  a se dedicarem a atividades consideradas muito relevantes para o desenvolvimento de nosso país por meio da computação.

Este ano trouxemos dois novos prêmios. O primeiro deles é voltado para ações sociais por meio da computação.

Apesar de uma boa base científica instalada, o Brasil ainda sofre do grave problema da desigualdade social. Segundo reportagem da BBC News Brasil de 7 dezembro de 2021, baseada em relatório da Escola de Economia de Paris, entre os mais de 100 países analisados no relatório, o Brasil é um dos mais desiguais. É o segundo com maiores desigualdades entre os membros do G20.

Segundo outra reportagem, do UOL, de dezembro de 2020, baseado em dados do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento - PNUD, o Brasil ocupa a 8ª pior posição em desigualdade de renda, atrás apenas de nações africanas.  O mesmo relatório indica que o Brasil está em octogésimo quarto (84º) lugar entre 189 países no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, e 50% dos mais pobres possuem apenas 0,4% da riqueza brasileira.

Nenhuma sociedade científica brasileira pode ignorar essa triste realidade.

Foi com a determinação de incentivar ações sociais em nossa comunidade que criamos o prêmio Luiz Fernando Gomes Soares, cuja denominação é uma homenagem póstuma ao colega, cujas contribuições marcantes para a comunidade brasileira de computação também refletiam um olhar especial para as questões sociais do nosso país. 

Com essa nova premiação, nossa intenção é inspirar mais colegas da nossa comunidade a dedicarem atenção à superação dos desafios e desigualdades sociais em nossa nação por meio da computação.

Criamos também o Prêmio de serviços prestados por membros da comunidade internacional, o SBC Service Award. Este novo prêmio presta homenagem às pessoas da comunidade internacional que realizaram reconhecidas contribuições à Sociedade Brasileira de Computação. 

Dessa forma, a SBC segue com seu propósito de promover o desenvolvimento da computação no país por meio da educação, da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico, visando o bem comum.

Ao me despedir deste período de serviços prestados à frente de nossa sociedade, gostaria de agradecer o companheirismo e a dedicação de nosso vice-presidente, prof. André Carvalho, da diretoria, do conselho e todos que estiveram conosco nesses dois mandatos, assim como coordenadores de comissões especiais, secretários e secretárias regionais, representantes institucionais e  trabalhadoras e trabalhadores de nossa sede administrativa.

Desejo sorte à presidente-eleita, profa. Thais Vasconcelos e ao vice-presidente eleito, prof. Cristiano Maciel. 

Contem com nosso constante apoio e suporte.

Obrigado!

Raimundo José de Araújo Macêdo

Presidente da SBC