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A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) apresenta os Referenciais de Formação para os Cursos de Bacharelado em Ciência de Dados. O documento já está disponível na biblioteca digital aberta da SBC, a SBC OpenLib (SOL), e foi construído utilizando a noção de competência, em consonância com as competências definidas pela Força Tarefa em Ciência de Dados da Association for Computing Machinery (ACM), em 2021, e com os Referenciais de Formação para os Cursos de Graduação em Computação, publicados pela SBC em  2017.

Os Referenciais foram elaborados por uma comissão formada pelos professores Angelo Roncalli Alencar Brayner, da Universidade Federal do Ceará (UFC), que coordenou o trabalho; André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, da Universidade de São Paulo (USP); Duncan Ruiz, da Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); e Eduardo Ogasawara, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). 


“A comissão iniciou seus trabalhos em março de 2021, em plena pandemia, com reuniões remotas. Adotou-se como referência a Taxonomia de Bloom Revisada (Ferraz e Belhot, 2010), em que uma competência pode expressar o conhecimento, as habilidades ou as atitudes esperadas do egresso do curso, sob a perspectiva de objetivos de aprendizagem. Além disso, as competências foram articuladas e estruturadas em eixos temáticos de formação (Anastasiou, 2010). Os referenciais foram revisados pela Comissão de Educação da SBC e submetidos à consulta pública. Depois, foram novamente revisados para atender as sugestões da comunidade”, explica o professor Angelo Brayner, coordenador da comissão. 

Associação Brasileira de Estatística

Junto à chamada pública de consulta, foi criada uma comissão conjunta entre a SBC e a Associação Brasileira de Estatística (ABE) que também contribuiu com o trabalho, propondo adequações com relação às competências e os conteúdos da área de Ciência de Dados no âmbito da Estatística.

“O curso de Ciência de Dados é um dos novos cursos com maior potencial, destaque e demanda na sociedade atual. A ABE e a SBC trabalharam conjuntamente, por meio de várias reuniões muito produtivas e se chegou a um consenso que está fortemente evidenciado no texto construído por meio desta colaboração. Entendo que a versão final apresentada neste documento é de fundamental importância, uma vez que expressa as bases na qual um Cientista de Dados precisa se pautar como profissional, visto que a Estatística é um dos pilares fundamentais. A integração da ABE e da SBC foi essencial para subsidiar e evidenciar o caráter interdisciplinar eminente na formação dos profissionais de análise de dados”, destaca Viviana Giampaoli, presidente da ABE.

"Foi um processo conjunto e bastante coeso com a Associação Brasileira de Estatística, a ABE. Ainda enquanto presidente da SBC, eu e a professora Viviana Giampaoli, da USP, então presidente da Associação, realizamos várias reuniões, tanto individualmente como em conjunto com as equipes de ambas as sociedades científicas, a fim de chegar a um consenso sobre a apresentação conjunta da proposta. Após várias discussões e ajustes, a proposta foi submetida e aprovada pelos conselhos de ambas as organizações, o que nos deixou muito satisfeitos", afirma Raimundo Macêdo que, à época do desenvolvimento do documento, estava à frente da presidência da SBC.


Cenário mundial e brasileiro

Com o crescimento no volume de dados armazenados em mídias digitais, impulsionado pelo avanço de tecnologias de geração de dados como redes de sensores sem fio, Internet das coisas (IoT), entre outras, na chegada do século 21, a Ciência da Computação sentiu-se impelida a prover recursos tecnológicos, em nível de hardware e software, que fossem capazes de garantir o gerenciamento daquele grande volume de dados de forma segura e eficiente, surgindo assim a tecnologia de Big Data.

“Esse novo cenário fez com que se percebesse a necessidade de uma nova área da computação, que abarcasse profissionais com conhecimentos sólidos em Computação e Estatística. Surgindo assim, em escala global, a Ciência de Dados”, resume Angelo Brayner.


Ele acrescenta que várias iniciativas surgiram em diferentes países, como Inglaterra, Alemanha, EUA, Canadá, entre outros, com o intuito de criar cursos de graduação para formar Cientistas de Dados. Já em 2014, por exemplo, a Universidade da Califórnia, em Berkeley, deu início a um curso de graduação em Ciência de Dados. 


“No Brasil, as primeiras iniciativas em formar cientistas de dados começam a surgir em 2020, a partir de duas abordagens distintas: a de adotar uma ênfase em Ciência de Dados dentro dos cursos de Estatística; e uma segunda proposta de criar cursos com a autodenominação de Bacharelado em Ciência de Dados ou similares”, explica o professor.

Segundo ele, devido ao aumento na criação de cursos autodenominados Ciência de Dados, o INEP resolveu atualizar a Classificação Internacional Normalizada da Educação (CINE) no Brasil. A decisão foi tomada após os trabalhos desenvolvidos por um grupo de especialistas, com membros da SBC, e por meio do Ofício Circular Nº. 0714111/2021/CGCES/DEED-INEP, classificando cursos, com a denominação Ciência de Dados, na Área 6 - Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação, e Área Detalhada 0617 - Desenvolvimento de Soluções Computacionais em Domínios Específicos. Agora, com a aprovação dos referenciais, os cursos de Ciência de Dados podem ter seus Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) balizados por referenciais curriculares apresentados neste documento formatado pela SBC. 


O documento foi aprovado de forma unânime pelo Conselho da SBC e agora a SBC deve atuar junto ao MEC para que sejam  incluídas as competências de Ciência de Dados nos Art. 4º e Art. 5º da DCN da área de Computação.


Acesse na SOL a versão digital dos Referenciais de Formação para o Curso de Bacharelado em Ciência de Dados.