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Antigamente era assim: para publicar os anais de um evento, era necessário que o coordenador reunisse todos os artigos em uma mídia magnética, entregasse em uma gráfica e torcesse para que todos os prazos fossem cumpridos para, aí sim, receber o material impresso e distribuir a publicação para quem foi ao evento.

Com a revolução tecnológica, esse processo foi mudando: “Internacionalmente, a gente vê que os grandes periódicos começaram a ter além das versões impressas, também as versões online, até que a gente começou a ter apenas as versões puramente online. E o impresso hoje se mantém provavelmente por conta de bibliotecas que assinam”. Quem faz a retrospectiva é o professor José Viterbo Filho, Diretor de Publicações da SBC.

Para os eventos na área de computação, todo esse processo foi facilitado a partir de 2018 com a chegada da SOL, a biblioteca online da SBC, disponibilizando online os Anais de eventos da área. Mas o que fazer com as publicações de eventos que aconteceram antes da chegada da SOL? Por isso, Viterbo abraçou uma missão: resgatar o histórico de publicações de eventos na área de Computação pré-2018, ano de lançamento da SOL.

"Álbum de figurinhas”

O segredo, explica o Diretor, é contar com o apoio da comunidade para isso: “Se não tiver um esforço organizado, a gente não completa o álbum de figurinhas”, brinca. Essas figurinhas - no caso, o conjunto de artigos publicados na edição de um evento - têm conjuntos de informação relevantes para a história da computação no Brasil.

A necessidade de “completar o álbum” vem justamente por conta do grande número de eventos que aconteceram antes da SOL entrar no ar e estão dispersos, mas são relevantes para pesquisadores, profissionais e história da computação: “Tem coisas de um passado recente que são muito úteis, precisam ser citadas; e as coisas do passado mais remoto fazem parte da história, precisam ser resgatadas e estar disponíveis”, alerta Viterbo.

Fácil não é, mas vale a pena. Como explica o professor Rodrigo Santos, do SBSI: “Essa iniciativa do professor Viterbo nos motivou a abrir espaço para uma missão dentro do nosso Simpósio e nós fizemos a coletânea de todos os Anais, tanto da trilha principal, quanto dos subeventos e atividades. Vários membros foram se comunicando até que a gente conseguiu fazer esse levantamento”, recorda.

Até 2019, grande parte do material (que reunia publicações de 2004 a 2018) já havia sido coletado. O processo se concluiu ano passado, já com o professor Rodrigo na presidência da Comissão Especial de Sistemas de Informação, e rendeu até a criação de um novo papel na Comissão, o Coordenador de Publicações. “Conseguimos finalizar depois de três anos toda essa missão. Temos desde 2004 até 2021, todos os Anais da trilha principal já estão na plataforma”.

Outro evento que teve seu “álbum de figurinhas” completado foi o SBQS. “Esse resgate já era um anseio da comunidade. Inicialmente fizemos um resgate pela BDPCOM, que era uma base mantida pela UFMG, na qual tivemos edições até 2015. Todavia, essa base foi descontinuada e com a criação da SOL voltamos a nos preocupar com nossos artigos e trabalhos”, explica o professor Davi Viana. “Contamos com uma equipe de alunos da engenharia de computação e do PET Computação da Universidade Federal do Maranhão. Foi um trabalho muito árduo e gratificante, sem falar que foi uma forma de os alunos terem dimensão dessa comunidade de pesquisa e de prática”.

Trabalho precisa do apoio da comunidade

O sucesso nas empreitadas de resgate do histórico da SBSI e SBQS, que agora têm todo o seu histórico ao alcance de um clique, abre as portas para a possibilidade de ter as publicações de todos os eventos reunidas, o que seria um passo grande na democratização do acesso ao conhecimento. Mas Viterbo alerta que esse desafio só será alcançado com a participação da comunidade.

“No momento, o presente toma 90% do tempo da equipe [da SBC]. O resgate tem que acontecer em paralelo, alocando novos recursos e com o apoio dessas comunidades específicas que são os gestores desses eventos. As comunidades precisam chegar pra gente e falar que querem resgatar esse histórico, buscar onde estão essas informações, identificar quem tem guardado…”, explica. Um esforço que, sem dúvidas, fará muita diferença na história da computação.