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Participação dos cidadãos na vida em comum, gestão de resíduos e fobia na hora de fazer exames de saúde - o que esses três problemas têm em comum? Todos eles podem ser resolvidos com uma mãozinha da tecnologia. Pelo menos, foi o que demonstraram Ramon Chaves (UFRJ), David Almeida (UFRJ) e Mozart Alves Júnior (CESMAC). Os três são os vencedores do Selo Inovação SBC, que tem por objetivo selecionar propostas inovadoras na solução de problemas, desenvolvidas a partir de trabalhos de Graduação, Mestrado e Doutorado.



Simulação no tratamento de fobias

Classificado em primeiro lugar, a equipe do Centro Universitário CESMAC -  Mozart Alves Júnior, Adilson Santos, Cristovão Farias e Jaqueline Silva (Faculdade CESMAC do Sertão) -  levou para o Selo o projeto Transtorno de ansiedade claustrofóbico na realização do exame de ressonância magnética (RMN). “Um dos maiores problemas hoje pra uma empresa que faz ressonância é a desistência. Quantas vezes eles agendam e a pessoa desiste porque não consegue? Quanto custaria pra ele fazer com que a pessoa primeiro seja treinada, preparada para que depois faça de verdade?” - quem pergunta é  Mozart Alves Júnior, doutorando em Engenharia da Computacional pela Universidade de Pernambuco.

“Se o meu cliente começou a fazer e não aguentou 10 minutos. O exame não é aceito, o plano de saúde não aceita e ele teve esse custo com profissional, com equipamento, etc. É diferente se primeiro a gente marca uma simulação, em que ele passa meia hora ou uma hora sendo preparado e em outro momento ele de fato faz o exame”, explica o pesquisador, que desenvolveu o projeto Centro Universitário CESMAC. 

O projeto tem o acompanhamento de uma equipe da área de saúde e, após passar por experiências que validaram sua efetividade, busca agora alçar voos mais altos. “Fazer pesquisa hoje no Brasil é muito difícil. No caso, o CESMAC, que é uma instituição privada, banca tudo. Mas agora a gente está tentando, com a ajuda do prêmio, ter o reconhecimento em outros concursos”, avalia Mozart. “Estamos tentando nos unir com outras universidades de maior peso, para agregar forças e fazer com que o nosso produto consiga chegar à população”.



Grandes cidades, grandes problemas

As outras duas propostas contempladas com o Selo Inovação apostam na tecnologia para a solução de problemas urbanos. Davi Almeida e Ramon Chaves têm em comum o trabalho na LeMobs, uma startup sediada na UFRJ que se dedica a criar soluções tecnológicas para a gestão inteligente de cidades. Os produtos apresentados tratam sobre isso.

É o caso do “Engaja 5”, proposta de Ramon Chaves (UFRJ). Graduado em arquitetura, Ramon foi para o mestrado em computação pelo seu interesse em uso da tecnologia para melhorar as cidades, em especial naqueles assuntos relacionados à participação cívica. “Eu peguei o modelo de inteligência coletiva que estou estudando no mestrado (em computação) e adaptei a um produto para envolver as pessoas em tarefas relacionadas ao mapeamento de problemas e discussões no espaço urbano, tendo a possibilidade de pagar essas pessoas a medida que elas fizessem essas tarefas”, explica. 

A ideia foi ainda articulada com o conceito do ESG - Environmental, Social and Governance, (em português, “ambiental, social e governança”), os três critérios a partir dos quais são medidos os impactos sociais e ambientais de uma empresa.

David Almeida (UFRJ) apresentou o produto “Descarte & Pague: um projeto para redução de resíduos baseado no sistema PAYT (pay as you throw)”, para contribuir com a gestão de resíduos sólidos nos grandes centros urbanos. “O mundo inteiro produz muitos resíduos, mas o brasileiro faz isso de forma muito inconsciente e inconsequente. A Política Nacional de Resíduos Sólidos já institui o princípio do poluidor-pagador, mas não existe ainda uma forma de fazer com que essa ideia seja utilizada”, explica.

“O que a gente fez foi pensar em trazer os condomínios para essa discussão”, explica. “Tentar conscientizar de forma mais próxima os condôminos para reduzir a quantidade de resíduos e descartá-los de uma forma que eles possam ser melhor aproveitados - porque a forma como a gente descarta, se incorreta, atrapalha a própria reciclagem”, orienta. 

Sobre o Selo

A avaliação dos projetos submetidos à chamada foi feita na modalidade de double blind, por um comitê de avaliadores formado por pesquisadores da academia e profissionais da indústria. Os projetos vencedores receberam um certificado da SBC, que pretende fortalecer as futuras ações e resultados desses projetos a partir desse reconhecimento.